O destaque vai para a afirmação canalha que o entrevistado fez: "Melhor chutar do que deixar em branco". Ah, bom saber sr. Reynaldo. Segundo ele, o sistema super inteligente de estatísticas que irá corrigir a prova identificará os "chutadores" de acordo com a quantidade de acertos. Se o cara acertar uma quantidade X de questões do nível difícil e o sistema "julgar" que foi sorte o acerto, a nota será menor do que a de um cara que acertar várias difíceis.
Bom, então eu, uma reles mortal, que não tem pretensões de gabaritar justamente por saber que não tem poderes para tanto, se quiser me esforçar em uma questão difícil e, por um milagre (ou mais provavelmente por fruto do meu mérito), acertá-la, não terei minha nota integral na questão "porque as outras eu tive que chutar".
Eu posso ser agora um pouco rígida e conservadora com essa opinião, mas um sistema que segrega os candidatos desse jeito não nos levará a lugar algum. Eu não acho certo chutar, mas eu não tiro o mérito do cara que o fez e obteve êxito! Quantos e quantos chutam e não têm essa sorte? O vestibular sempre foi uma loteria. A ideia de acabar com isso assusta quem está entre a cruz e a espada nesse momento.
Não me julgo uma pessoa medíocre. Medíocre é o sistema de ensino que me formou. Medíocre é o Estado, que faz os estudantes lutarem de forma selvagem por uma vaga em uma universidade pública. Hoje sou obrigada a frequentar um cursinho e sei que muitos não têm essa oportunidade. Esse novo Enem aprovará quem sempre teve uma educação de qualidade, ou seja, a elite. Eles conseguirão acertar as questões difíceis, enquanto isso, nós, os "pseudo-chutadores", seremos recriminados por essa atitude.
Acredito que esse meu descontentamento venha do fato de que nós somos os primeiros a experimentar o novo sistema. Talvez nem seja tão ruim assim... Talvez nos favoreça, no final das contas... Talvez mesmo chutando, seja preferível conseguir algum pontinho com as questões difíceis. Talvez seja neurose minha... Talvez... Talvez...
10 comentários:
Na boa? Não deveria existir o enem, nem a porra do sistema de cotas existente atualmente. Poderia discorrer sobre minhas assertivas um dia inteiro, mas me limitarei a alguns argumentos:
A realidade é a seguinte, quem tem força de vontade para estudar, fé e disposição, consegue material e passa, independente da renda que possui. Digo isso pois conheço muitas pessoas esforçadas, muito pobres que tive o prazer de conhecer na minha escola pública, que lutaram ferrenhamente e conquistaram lugar na faculdade pública.
Se fosse pra existir um sistema de cotas, que fosse baseado na renda, e não se o aluno estudou em escola pública ou não, ou sua cor. Ridículo, pois minha família já teve uma boa situação financeira, hoje não mais, não tendo eu condições de pagar uma boa faculdade particular.Quando a empresa de meu pai foi por água abaixo, mudei para a escola pública na metade no final do primeiro ano até o 3° colegial. Isso significa que por causa de 6 meses não tenho mais direito a pontuação de quem estudou integralmente no colégio publico. Também conheço MUITA gente que tem muita, mas muita grana, e estuda em colégio público... Esse sistema de cotas atual é ridículo... idem o sistema de pontuação do enem. Bom, pelo menos agora o enem só vale para a primeira fase da fuvest, o que me deixa mais tranquilo, e reafirma o quão írrito é o enem.
PS: Isso me deu um bom assunto para falar em um tópico superveniente do meu blog ... Sistemas atuais de cotas nos vestibulares brasileiros... Putz já estou com o cérebro fervilhando de idéias sobre este tema, em breve farei um tópico sobre isso!
Bjos Caroooool
PS2: Imagine você Carol, que você estudou em escola pública e é pobre ... e da noite para o dia seu pai abriu uma empresa no ramo X e virou o cara mais rico da sua cidade, podendo te pagar qualquer faculdade... é justo você ter direito a cota porque quando era pobre estudou em uma faculdade pública? Não seria muito mais ético se este sistema fosse baseado única e exclusivamente em sua renda? Ok, você pode falar para mim que na época de escola publica não teve condiçoes de uma boa base, mas lembre-se de que se o indivíduo tem dinheiro, terá com certeza condições de pagar um bom cursinho...
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*corrigindo o comentário anterior, 4° linha - Faculdade pública = escola publica....
rsrsrsrs
Eu não concordo 100% com você Doug. Acredito que quem quer consegue, claro. Esforço é tudo. Mas o Brasil é um dos países recordes em desigualdade. Uma pessoa não nasce limítrofe. Os estímulos que ela recebe durante a idade escolar são os responsáveis por desenvolver sua capacidade. Minha mãe é psicopedagoga e eu acabei absorvendo um pouco das teorias de ensino... As escolas públicas não tem aparato para desenvolver e estimular o aluno. É errado o Enem (modelo atual baseado em uma prova norte-americana - país com um nível de ensino público completamente distinto do Brasil) cobrar um bom desempenho de um aluno despreparado. Não é só questão de esforço, Doug. É questão de oportunidade. Sou a favor do bônus para escola pública apenas durante a "reforma do ensino público". Aí sim, quando tiverem como competir com o nível particular o bônus poderia ser extinguido. Fora isso, não há esforço e dedicação que acabem com as desigualdades.
Carol, adoro seu ponto de vista sobre as coisas!Você também tem lá sua razão, mas também não concordo 100% com você. Vejamos por outra ótica, o porque insisto em defender o fim do sistema de cotas atual, e um novo sistema baseado única e exclusivamente na renda:
- É sabido que o que faz o bom ensino do aluno é PRINCIPALMENTE o aluno, haja visto que o aluno pode estar na melhor escola particular, se lhe for alheio o interesse às matérias e não estudar, com certeza não terá de condições de passar numa boa faculdade pública.
Agora, vejamos, o ensino público brasileiro até o ensino médio é lastimável no que tange o quesito estrutura, professores, e muitas coisas mais... porém, recordemos um velho provérbio chines milenar por um instante: "se eu escuto - esqueço ... se eu vejo - entendo ... se eu faço, aprendo!"
ou seja, note que durante as aulas, normalmente você ouve e ve, e pouco faz. Isso significa que, durante a aula, se muito, você entende.
Depois, no momento de estudo, é que você tem a chance de fazer, logo, aprender. Fazer por ocasiao da resolução de problemas, faer enquanto estiver elaborando o resumo de um texto, fazer ao escrever e desenhar. Por isso é no momento de estudo que você aprende, ou seja, prepara as condições para que suas redes neurais, naquela mesma noite, se reconfigurem e gravem o que foi aprendido no cérebro.Suponho que neste momento você tenha percebido qual o verdadeiro papel de um professor: O bom professor não da aula para fazer o aluno APRENDER, dá aula para fazer o aluno entender a matéria e principalmente, para faze-la gostar do que esta sendo apresentado. Na realidade o unico professor capaz de fazer um aluno aprender ... É O PROPRIO ALUNO.
LEMBRE-SE : Ninguém aprende coisa alguma se não for autodidata, ou seja, professor de sí mesmo.
Logo, se sou um aluno de escola publica que quero passar no vestibular, irei aprender lendo os livros didaticos, que a escola publica oferece, que são bons, e se não achar bons posso procurar em qualquer biblioteca ou na internet, que tem inumeras fontes.
Por este motivo defendo, que só há nexo um sistema de cotas por renda!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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Se o individuo tem renda baixa, por certo estudará em escola pública Carol. O que quero dizer é que estudar em escola pública não é premissa para o merecimento de um bonus de cota, mas sim a renda, entende?
E o mair argumento que tenho é o meu caso.. olha só, estudei só meio ano em escola particular e meu pai teve a empresa falida... então eu estudei 2 anos e meio na escoal pbulica
vc acha justo carol, q porque eu estudei 6meses numa escola particular no 1 ° ano e o resto na escola publica, eu nao tenha direito ao bonus?Isso é muito injusto! Para ser algo justo o bonus deveria ser por renda, entende onde quero chegar? se eu tenho uma renda ruim, é premissa para eu estudar em uma escola publica. mas pode acontecer de eu ter ganhado alguma bolsa para estudar em escola particular... mas mesmo assim continuando sem renda, nao terei dinheiro, mesmo tendo um bom ensino, para uma escola particular.. entende? A premissa da bolsa deveria ser a renda Carol!!!!
Doug... Depois de toda essa sua explanação, rs bem... Eu relacionei muito do que você falou ao pensamento calvinista. Toda aquela história de "a salvação pelo trabalho", de que o dinheiro conquistado através do trabalho seria um sinal de predestinação. Claro, deve haver esforço, afinal, nada cai do céu. Mas, esse é um pensamento com valores burgueses. A nossa sociedade condicionou os indivíduos a julgarem que quem é rico conquistou isso atráves do trabalho e quem é pobre é vagabundo ou preguiçoso. Eu entendo que há pessoas cuja renda seja muito superior a de quem estuda na mesma escola pública e que mesmo assim todos levarão o bônus. Mas o que eu quero dizer é que não é proibido rico estudar em universidade pública. O nome já diz: é "pública". Errado são as discrepâncias encontradas ao analisar a qualidade entre ensino particular e público. Sou a favor de chances iguais. Só isso. E puxa... Esse debate se estendeu muito! HAHA
Mas em nenhum momento falei que é proibido rico estudar em universidade pública !!!
O que estou questionando é a premissa írrita que o governo utiliza para considerar o motivo de concessão de cotas de nota por meio de enem, pasusp, cotas raciais, estudo em escola publica.
Enquanto for desta maneira continuará sendo algo injusto. Deveria ser condedido a cota de acordo com a renda e não se o aluno estuda em escola publica ou nao.
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